Quando estava no colegial (que depois virou segundo grau, que depois virou ensino médio que depois virou, que depois virou... ) eu tinha um professor que contou a experiência de ter ido a primeira vez na casa dos pais da namorada. Contou que a futura sogra serviu um café maldito e ele teve calafrios ao tomar, mas sorria quase chorando dizendo que estava ótimo.
Guardei isso em algum canto do meu cérebro. (garanto que a matéria chatissima que ele dava eu não guardei nada).
Passou se os anos e aconteceu de ir pela primeira vez na casa da mãe de minha namorada, ja a conhecia, mas nunca havia posto os pés na casa dela.
Minha namorada que depois veio ser minha esposa e depois minha ex, ja foi me avisando que a mãe estava numa fase meio que natureba-econômica, que significava que ela misturava cevada torrada com café. Eu que nunca havia provado essas 'tisanas' nem dei muita importância. Quando fui servido, primeiro ganhei um copo gigante, na época tomava muito pouco café, um copo daqueles de requeijão até em cima com a poção da sogra que colocaram o apelido de café. Era tão, mas tão ruim, que eu não consegui chorar sorrindo como meu professor. Eu simplesmente comecei a brincar com liquido e fazer piadas lembrando do professor, e todo mundo riu, eu distrai a atenção de todos sobre o narcótico quente e deixei o quase intacto.
Capitulo passado, terminado... nunca foi algo que desabonasse meu relacionamento com minha sogra. Nos dávamos muito bem, alias eu me dava bem, ela sofreu muito comigo. Eu sempre aprontei muito com ela.
Minha primeira traquinagem foi quando cheguei numa tarde de domingo e ela estava dormindo no sofá aos roncos fortes e os meus cunhados que eram garotos ainda, disseram que ela havia tomado um calmante. Não deu outra, fui na cozinha e peguei uma beterraba e cortei ao meio e fiquei esfregando no rosto dela nos braços em toda a parte descoberta e deixei. Fomos para o portão da frente até que ouvimos os gritos, primeiro ela achou que o calmante tinha lhe dado alergia, depois ela percebeu que era alguém tirando com ela. Ralhou com os filhos que tiram barato dela mas não brigou comigo por que ficou sem graça de brigar.
Por incrível que parece, minha sogra não tinha orelha furada, eu cheguei um dia e resolvi que ela teria que furar a orelha, convenci que iria furar eu mesmo, que não iria doer. Ela ficou empolgada e deixou, furei bonitinho ela elogiou e perguntou como eu sabia furar a orelha, eu respondi: Eu nunca furei e nem vi ninguém furar.. a senhora foi minha primeira experiência.
Apesar de aporrinhar a vida dela, casei com a filha dela com seu total aval. Casado sosseguei? bobagem, continuei minhas pesquisas com minha sogra.
Certo domingo ( tudo sempre ocorria aos domingos a tarde ou a noite) chegamos em sua casa, eu ja tinha meu filho mais velho recem nascido. Minha sogra estava preocupada por que precisava ter tomado uma injeção e a farmácia próxima a sua casa já havia fechado. Eu rapidamente lhe disse: -Sem problemas... Eu aplico!- Minha sogra, que naquela altura do campeonato já nem lembrava que havia corrido riscos com a orelha, deixou eu aplicar. Mais uma vez elogiou e quis saber onde eu aprendi... eu lhe respondi: Acabei de aprender, a senhora foi minha primeira vez!
Correndo a fita... passou se mais e mais anos... e eu continuei a aprontar coisas muitas coisas com ela.. desde o inicio, eu ja tinha um jeito todo especial de chama-la. O nome dela é Maria do Carmo eu passei a chama-la de Maria do Casco e depois passei a chama-la de Cascão... mas não tinha nada a ver com sujeira... era só um aumentativo... Agora imagina você, uma liquidação de tecidos onde esta cheio de mulheres loucas atrás de retalhos e você fica gritando.. Cascão! Cascão! olha o que eu achei... e todas ficam procurando quem é o tal Cascão.
Ai aparece uma senhora de cabelos cor de Mercúrio Cromo (por que ela pediu pro genro comprar tinta de cabelo louro médio, e ele por sacanagem comprou vermelho intenso e ainda se candidatou a ajuda la a pintar o cabelo) toda sem graça por que toda a tecelagem esta olhando para a Dona "Cascão".
Tem tambem a sogra teste-drive de capacete de skate de brinquedo. Uma vez fomos ao Makro e vimos um jogo de skate, joelheiras, cotoveleiras e capacetes, Cascão pegou o capacete e me perguntou: -Será que isso funciona de verdade mesmo? eu rapidamente coloquei o capacete na cabeça dela e dei um soco de cima pra baixo.... o capacete quebrou ao meio e ela caiu ao chão e minha mãe que estava atras de mim com uma vassoura me deu uma vassourada, brava por ter feito isso com minha sogra.
Vou contar uma coisa, com tudo isso.. a gente até hoje, mesmo com a separação nos damos muito bem, quando ela soube que iriamos nos separar, ela me ligou e ficamos conversando por mais de uma hora e todo o tempo "Cascão" só falou bem de mim, de quanto gostava de mim e de quanto queria que eu fosse feliz com minha nova vida.
Não posso reclamar de sogras... tenho sorte!! Elas gostam de mim...
Mais uma simulação dos computadores do "Era uma vez..."
"Cascão" nos dias de hoje, com cabelos lourinhos... Nota do autor.... Hoje ela esta com 62 anos.... tudo isso aconteceu a mais de 20 anos... Ela era mocinha!! E como dizia minhas cunhadas, ela reclama mas ela adora!!