segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Contos de terror da minha tia Carmen


Vou explicar direitinho, pra todo mundo entender.
Morávamos em São Paulo, mas passávamos quase todos os finais de semana no nosso sítio, eramos crianças e todas as paixões nos divertiam.
Na época do frio, isso logo no começo do sitio, a Tv era muito limitada a uma antena que mamente pegava um canal ou outro, agora vc imagina o que fazer com tantos pirralhos criativos dentro de uma casa.
Minha tia Carmen era a tia contadora de causos, há muito era limitada fisicamente por uma artrite reumatoide, que lhe tirou toda vivacidade física, mas que em hipótese nenhuma lhe tirou a sua mental e nem a de seu bom humor.
Quando anoitecia, minha tia juntava os fedelhos na varanda da casa, e todos com seus cobertores sentávamos no chão e ficávamos fascinados, ou melhor, horrorizados com as lendas urbanas que ela conseguia colocar dentro do universo de sua juventude. Sempre uns mais medrosos, outros nem tanto e outros como eu, espirrando muito, pois era (e sou) alérgico aqueles cobertores malditos.
Ela começa contando algo engraçado de alguma tia ou prima, que ia passear, em um tal parque Xangai (muito famoso na juventude delas) e fazia muito frio e quando menos esperávamos, ela já estava contando sobre uma tal moça linda que estava por lá com um vestido esvoaçante e que um rapaz se apaixonou por ela, dançaram a noite toda, depois ele foi leva-la para casa, ela era fria e ele preocupado, emprestou lhe o seu casaco, se despediram, ela lhe deu o endereço para que ele buscasse o casaco, quando foi ao endereço disseram que ela não morava mais lá, pois havia morrido fazia pouco tempo e assim por diante. Íamos ouvindo tão compenetrados que nem percebíamos a mudança de clima, quando dávamos conta, já estávamos todos em pânico.
Uma vez ela estava super empolgada contando um história, nem me lembro do que se tratava, mas nos concentrávamos muito em cada palavra que ela dizia, eis que minha tia viu uma estrela cadente e deu um berro apontando para o céu  para que todos a vissem, a tá... quase que morremos enfartados com o susto, teve prima minha chorando tamanho foi susto e minha tia em uma crise de riso, pois a intensão era mostrar simplesmente a tal estrela.
Hoje minha tia Carmen, continua por aqui com seus 78anos, sua artrite reumatoide numa escala de 0 a 100,  esta em 350, cheia de outros problemas de saúde, mas ela continua um bom humor e um riso no rosto que sempre me faz feliz em vê-la.
Ela dá risada mesmo das suas
limitações. [2009]

A gente se borrava, mas não perdia a chance de ouvir
os contos da cripta by Carmen

A historia teve ajuda da Solange, minha prima, que conseguiu lembrar de uma das histórinhas de terror e transcreveu a pra mim.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Recordar: A Rifa

Recordando a primeira vez que escrevi uma historia da minha familia no "Era uma vez..."


A Rifa

A historia chega a aparecer até mentira, mas aconteceu mesmo.

O fato ocorreu no ano de 1973.

Estava meu tio num sábado depois do almoço, onde você esta fulo de ter trabalhado, em um botequim tomando algo que alegrasse seu dia. Chegou um senhor distinto, contando que era dono de um circo que estava encerrando as portas. Contou que teria que pagar as despesas com os funcionários e fornecedores e coisa e tal. Ofereceu ao meu tio uma rifa para ajuda-lo. Meu tio solícito e com uma certa pena da situação do homem, comprou a rifa, o prêmio? oras o que poderia ser o prêmio de um dono de circo? Um elefante... sim o elefante do circo. Meu tio não se preocupou muito com o fato, comprou e foi pra casa.

Na segunda feira, logo cedo, ligaram para o trabalho do meu tio, vejam só, meu tio foi o feliz sorteado e acabara de ganhar um elefante.... Pois é um grande, lindo e ensinado elefante. Claro que ganhar um elefante na cidade de São Paulo é uma coisa quase corriqueira, coisa de um em 100 milhões. Mas e ai, o que fazer com um grande, lindo e ensinado elefante? Meu tio com a vasta experiência em trato de animais ( note que minha tia nem cachorro deixava ter em casa), foi receber seu grande presente, onde deixa-lo? simples, na margem do rio Tamanduateí ( na época o rio ainda não era canalizado ) deixar o grande animal ficar lá pastando. A noite pensaria o que fazer com ele. Mas para sorte do meu tio e total infelicidade do elefante, o bicho comeu tanto mato contaminado de mercúrio, chumbo e outros metais que no final do dia estava morto.

Agora pense, o que fazer com um animal desse porte morto? por em saco de lixo e esperar o caminhão do lixo levar? e la vai meu tio o feliz proprietário do elefante grande, lindo, ensinado e morto, ligar para prefeitura para dar um fim descente ao animal. Teve que pagar uma fortuna ( hoje seria algo em torno de 2 ou 3 mil reais) para que viessem recolher o bicho. Resumindo este foi o prêmio no século, E o pessoal do Big brother se achando o máximo.

Agora cá com meus botões, hoje pensando nessa história, acredito que o dono do circo fez tudo isso de caso pensado, precisava se livrar do animal doente, contou uma história qualquer e um pobre ingênuo caiu e comprou uma rifa, provavelmente a única rifa vendida. Por falta de concorrência no jogo meu tio ganhou ou melhor dizendo... perdeu!



Moral da história, se beber não dirija e nem compre rifa de elefante!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Recordar : o rugby

Quando eu comecei a escrever poucas pessoas me liam, então vou  reeditar algumas histórias esta semana.

Eu escrevi em junho de 2010:

Decifra me ou te devoro (O Rugby)

O inicio do manual de como se jogar Rugby, deve ter uma esfinge esperando para devora-lo, caso você não entenda como jogar.
Posso tentar resumir o jogo... visualize:
O cruzamento do futebol com luta de boxe, pronto, você já entendeu a primeira parte.
Depois imagine um jogo com 1ºtempo onde as pessoas lutam e jogam a bola ( que por ironia do destino a bola não é redonda) no 2 º tempo, eles continuam lutando e jogando o melão, digo, a bola, só que com a diferença que a maioria esta com hematomas ou sangrando, alguns com o ombro deslocado, mas que num sistema de self service de auto tração, eles colocam no lugar.
Ai tem o 3º tempo, isso... tem 3º tempo, onde eles não estão mais em campo.... todos estão em um boteco próximo ao campo bebendo cerveja, note que isso é regra do jogo, isso mesmo, esta nos estatutos dos jogos de rugby no mundo inteiro, onde o time da casa oferece cerveja e acepipes ao adversário. Isso faz com que os jogadores não tenham exatamente um corpo atlético.
Tem outras coisas estranhas no jogo, tipo o jogador corre pra frente mas joga a bola para trás para outro companheiro. Brincam de empurrar uns aos outros e a bola fica no meio ( nessa hora a bola me lembra um ovo de uma ave rara que tenta proteger seu futuro filhote).
Como é a pontuação? pode ser 5 ou 3 ou 2, isso é um dos maiores enigmas da Esfinge, existe uma variedade de pontos. A jogada que mais vale ponto, nem parece que foi ponto, a que vale menos, é a que parece que vale mais. Um nó apertado para leigos, mas um doce de leite para os fãs!
E pra quem joga... Rapazes o campo esta um mel!!!
-
*Cenas corriqueiras de um jogo


Isso é algo como cobrar uma lateral, a recepção é fantastica.
Erguem um dos jogadores pelo calção para pegar o grande ovo, esmigalhando os outros ovos.

O Scrum ( a brincadeira de empurra empurra onde as aves tentam proteger o ovo )

Detalhe, eles gostam de se machucar, algo masoquista que só quem joga entende

Se você se perguntou como eles se machucam, esta foto da pra entender

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Linda Blair de Cuba com Tequila

1998- Eu ia muito em uma balada perto de minha casa, era bom de ser perto, pois dava pra beber e voltar sem grandes problemas com teores alcoólicos altos.
Teve uma vez que havia me produzido todo (coisa rara, pois não sou muito fashionista) para a tal balada. Minha roupa era toda clarinha, calça clara, camisa clara e o sapato era clarinho tambem, hoje não usaria essa combinação, mas na época estava lindo!
Fomos pra balada e bebe-se daqui bebe-se de lá e quando eu bebia, com raríssimas exceções eu nunca ficava muito alterado.
Ja tinha tomado umas 4 doses de tequila, quando encontrei meu primo que estava com sua turma e meu primo, bebia beeem, beeem mesmo.  E quando bêbados se encontram nada melhor do que comemorar com bebida! Memé, meu primo, tinha um amigo, que eu conhecia, não lembro o nome mas o apelido era Fedô (hetero tem umas manias de apelidos desgraçados) e o convidei para o ritual da Tequila. O Fedô logo recusou, disse que estava tomando cuba-libre e que nunca tinha tomado tequila e não sabia se ia gostar. O besta aqui logo se prontificou de convida lo a uma rodada por minha conta. Claro que o Fedô não recusou cachaça grátis e la fomos nós para o balcão. Limão, sal, tequila na frente tudo bonito como manda o ritual de não sei da onde e la fomos nós, o sal e o limão tudo bem o Fedô não fez nada ai tomamos a tequila, eu engoli e olhei para o Fedo pra ver se ele estava vermelho, para minha surpresa o Fedô estava olhando pra mim com olhos arregalados. Temi por isso e lhe disse:
-Não Fedô, não.. respira pelo nariz...RESPIRA PELO NARIZ!
Não deu tempo, como Linda Blair vomitando na cara do padre em O Exorcista,  Fedô me vomitou em um jato, que foi desde o meu cavanhaque até o meus pés, toda minha roupa clarinha, linda e nova estava suja de cuba-libre fora minha barba.
Só dava eu gritando na pista:
-Puta que pariu eu bebo e não vomito!!! e olha como eu estou!!!
Fui correndo para o banheiro e tirei toda minha roupa e comecei a lavar na pia, quem entrava no banheiro via um sujeito só de cueca lavando calça e camisa.
Fedô me olhando e só pedia desculpas o tempo todo e o pessoal que entrava no banheiro nem imaginava o que poderia estar acontecendo.
Sai do banheiro com toda roupa molhada, mas limpinho e com uma certeza: Tequila pra mim, quem quiser tomar, que tome longe!

E eu nem exorcizei o rapaz!!


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Balança capitalista

Quando mais novo, fui um neurótico absurdo quando fazia regime, no final do ano de 1996 fomos para o meu sitio passar as festas natalinas e eu estava no auge da minha magreza e levava isso muito a serio.
Tinha uma técnica estranha para matar meus desejos por comidas gordas, eu cozinhava muito, muito mesmo, fazia todas as guloseimas possíveis e imaginárias pra todo mundo, ou seja, cozinhando sempre você não tem a menor vontade de comer o que esta fazendo.
Já estávamos a uma semana no sitio e eu mantinha minha dieta intacta. Saímos para fazer compras no mercado para a ceia de natal, pois viria bastante gente. Ao sair do mercado passamos pela galeria de lojas que lá tinha, vi uma farmácia com uma balança toda futurista que alem de pesar dava sua altura e tirava a pressão, claro, desde que você colocasse uma ficha de X reais.
Resolvi subir na balança sem colocar a tal ficha, pois vi que sem a ficha ela só dava o peso. Maldita hora que fiz isso, quando subi na balança, meu peso era de 82kgs eu surtei, mas surtei lindamente, como só surta as pessoas de dieta anfetaminica. Comecei a gritar, mas gritava comigo mesmo, olhava pra Jane e dizia:
-Caralho eu passo fome todo dia, não como nada e engordei 4 quilos!!! não pode ser!
Todo mundo da farmácia olhava! e a Jane já conhecendo os surtos dietéticos do marido, só dizia:
-Por que você não coloca uma ficha na máquina e pesa direito?
Eu dentro da minha loucura, eu só pensava nos malditos 4 quilos a mais, não queria saber de nada. Entrei na farmácia e comprei 2 cartelas de Lactopurga, mal passei no caixa e engoli todos os comprimidos sem agua. A Jane com o troco, comprou uma ficha da balança e falou:
-Vai lá, se pesa agora com a ficha!
Meio que achando imbecil a idéia, fui me pesar. Estava pesando 76kgs, ou seja estava 2 quilos a menos do que deveria estar.
Alguém imagina como foi meu natal? como um rei e como eu só tomava líquidos me senti um pato que urina pela cloaca!
Maldita maquina capitalista!

Essa foto foi exatamente no Natal de 1996

Não, eu não tirei foto com a balança!
No mínimo que eu tentei fazer foi destruí la!