Meus pais, a exemplo do casamento do meu irmão Joanes, que tinha sido um ano antes, fizeram uma imensa festa, um jantar para 600 pessoas no Clube Juventus, um dos clubes mais bem cotados da cidade, na época.
Meu pai que também era exagerado em tudo, não poupou nada, lembro de ver caminhões de frutas do Seasa parados por lá. Bebidas, claro, não poderia faltar, como poderia deixar de faltar? Tinha uma abundância de bebidas que já era um prenuncio de algo grande.
Vamos ao tal casamento.
Tudo correia na mais tranquila cadencia, aquela infinidade de gente, crianças pra cima e pra baixo, a banda tocando, todo mundo dançando, outros fazendo pose do lado dos noivos para foto.
Como toda festa, sempre forma as panelas, em um canto, os parentes da noiva, outro os amigos da faculdade, em outro os parentes do pai no noivo, do outro lado da mãe do noivo, vizinhos e assim por diante.
Teve a hora de alguém da faculdade pegou a gravata do noivo e começou com aquela história de cortar, passou por todo o salão. Só que esse alguém chegou de volta no grupo da faculdade já sem a gravata, e o pessoal de lá ficou bravo por não ter participado. Alguém ergueu os braços pra falar ( coisa de gente da Moóca) e pegou despercebido um garçom que passava com um monte de pratos e copos sujos. Claro, caiu tudo, literalmente, caiu tudo a festa toda caiu com essa bandeja.
Meu irmão mais velho, que já estava pra la de Bagdá, veio correndo achando que tinha briga. Os parentes dele ( entenda-se os parentes da mulher dele), quando viram ele correndo para o barulho foram acudi-lo, os parentes da minha mãe viram os parentes do meu irmão, acharam que iam bater nele e foram em cima e por vai. Era parente batendo em parente que não se conhecia.
Certo momento vi meu irmão correndo atrás de um cara, que logo reconheci como namorado de uma prima, meu irmão corria com 2 garrafas na mão, eu pulei de cavalinho no meu irmão feito peão, claro que nem durei os 8 segundos necessários para ser classificado para o rodeio, mas foram o suficiente para que o rapaz pulasse para dentro do bar do salão e em seguida visse meu irmão jogando as garrafas para dentro do bar quebrando tudo.
Teve um tio meu que achou graça em ver todos os instrumentos da banda, abandonados no palco, claro que os músicos fugiram... e resolveu quebrar a guitarra na cabeça do primeiro que passa-se e depois um tambor da bateria. Todo mundo perdeu a noção, claro que menos meus pais, os noivos, a mãe da noiva, minha cunhada mais velha e eu que estava chocado no canto.
Eu sei que em questão de segundos formou-se uma briga gigante, algo próximo entre uma briga de saloom do velho oeste com uma festa irlandesa.
Os amigos da faculdade do Bira, que foram o foco da bandeja caída, saíram correndo do lugar, acho que só pararam de correr quando amanheceu o dia.
Depois de tudo terminado, só sobrara meus pais e eu, meu pai correndo atrás do prejuizo que fora gigante, lembro que ele gastou o mesmo valor da festa com o prejuizo, minha mãe ja tinha passado a fase do choro e estava na fase de tentar desvendar os culpados de tudo. Nem preciso dizer que parte da culpa ela jogou no meu pai, dizendo que ele deu muita bebida pra todo mundo. Mas ao mesmo tempo ela estava aliviada, pois o pessoal mais chique da festa ja tinha saido quando começou o show.
Eu prometi que quando casasse, não teria festa, alias, deve ter sido a promessa de vários primos meus, pois demorou muito tempo pra que um de nós fizessemos festa de casamento.
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Claro que a briga ao fundo é para efeito de ilustração... vejam como eu estou novinho. nós na frente estávamos de verdade no casamento |