terça-feira, 29 de novembro de 2011

Frango de ceia à cearense

Em 1984, resolvemos passar o fim de ano em Fortaleza, meu pai minha mãe, alguns tios, minha prima Zuleika seu então na época noivo e uns primos de meu pai.
Tudo muito lindo, não conhecíamos nada do nordeste (ja falei de uma aventura nessa mesma viagem aqui), então ficamos encantado com tudo.
O hotel era muto bom, novo não 5 estrelas, creio que 3 estrelas, mas tudo muito charmoso e aconchegante. no dia 31 de dezembro de manhã, minha mãe, toda preocupada com a possível ceia, foi conversar com a recepção do hotel pra saber o que fariam para a noite. Ela foi informada que o hotel não faria festa para os hóspedes, mas que aceitaria encomendas de jantar para quem estivesse querendo.
Minha mãe, minha tia e a prima do meu pai foram até o restaurante para examinar o cardápio e lá escolher o que mais poderia parecer com uma ceia, escolheram tudo em abundância como é peculiar nelas.
Partimos para um passeio tranquilos sem nos preocuparmos com a comida. Passamos o dia todo na praia torramos no sol, protetor solar? o que é isso? vivíamos em um tempo que poucos sabiam o que era isso, voltávamos camaraônicos  e felizes. Mas voltando a história, chegamos a noitinha no hotel, tomamos banhos nos arrumamos todos lindos queimados e com roupas brancas deslumbrantes e prontos para desfrutar a ceia de Réveillon.
Sentamos nas mesas que estavam decoradas ricamente com nada! eles simplesmente deixaram as mesas como um dia normal, minha mãe que não liga muito para firulas, não se incomodou, estava esperando a comida.
começou a vir as coisas, minha mãe teve o cuidado de não pedir nada de frutos do mar, pois estávamos comendo lagosta e camarão a semana toda e ela achou que isso seria algo comum demais. Chegou umas porções disso e daquilo que pareciam coisas boas, mas nada diferenciado para uma ceia. Ai surge os frangos que minha mãe quis que viesse enfeitados como se fossem perus.
Quando minha mãe viu que apareceu meio galetinho assado com uma farofa do lado e meio pêssego em calda, a dona Lourdes despirocou! ela começou a gritar, sei lá por que ela dizia:
-Frango no Ceará é saci? só tem uma perna? uma asa? onde ja se viu? o Joanes que gosta de comer frango só vai comer assim???
Meu pai que nem estava ai para o frango e suas pernas, dizia: - Deixa quieto!
Mas minha mãe não ouvia, minha mãe estava sedenta de justiça, ela queria falar com a cozinheira, queria saber o que ela tinha feito com a metade do frango, queria saber se ela sabia o que era frango de ceia!
De início ficamos chocados, mas depois de 5 minutos começamos a achar engraçado os chiliques de minha mãe.
Só sei que depois de uma hora no restaurante, apareceu um frango inteiro com cara de ceia e minha mãe fez meu pai comer o frango, como se meu pai fosse o culpado de tudo!
Nem preciso dizer que o dia 01/01/85 foi o dia do frango inteiro, tudo que se dizia de comida sempre perguntávamos se era inteiro, até a lagosta que comíamos questionávamos se era Saci.

Foto real do dia! 31/12/84 - Fotografo: meu pai . Na foto:
Eu. Nair (a prima do meu pai), minha mãe, minha tia Clarice,
meu tio Maneco, Zuleika e o Claudio (seu futuro marido)