sábado, 30 de outubro de 2010

OOOO que onda, que festa de arromba!

Em Abril de 1977, meu irmão cacique Ubirajara casou, seu casamento ficou marcado para todo o sempre nos anais da historia da família..... Pode-se utilizar o termo anais nos dois sentidos se preferir....
Meus pais, a exemplo do casamento do meu irmão Joanes, que tinha sido um ano antes, fizeram uma imensa festa, um jantar para 600 pessoas no Clube Juventus, um dos clubes mais bem cotados da cidade, na época.
Meu pai que também era exagerado em tudo, não poupou nada, lembro de ver caminhões de frutas do Seasa parados por lá. Bebidas, claro, não poderia faltar, como poderia deixar de faltar? Tinha uma abundância de bebidas que já era um prenuncio de algo grande.
Vamos ao tal casamento.
Tudo correia na mais tranquila cadencia, aquela infinidade de gente, crianças pra cima e pra baixo, a banda tocando, todo mundo dançando, outros fazendo pose do lado dos noivos para foto.
Como toda festa, sempre forma as panelas, em um canto, os parentes da noiva, outro os amigos da faculdade, em outro os parentes do pai no noivo, do outro lado da mãe do noivo, vizinhos e assim por diante.
Teve a hora de alguém da faculdade pegou a gravata do noivo e começou com aquela história de cortar, passou por todo o salão. Só que esse alguém chegou de volta no grupo da faculdade já sem a gravata, e o pessoal de lá ficou bravo por não ter participado. Alguém ergueu os braços pra falar ( coisa de gente da Moóca) e pegou despercebido um garçom que passava com um monte de pratos e copos sujos. Claro, caiu tudo, literalmente, caiu tudo a festa toda caiu com essa bandeja.
Meu irmão mais velho, que já estava pra la de Bagdá, veio correndo achando que tinha briga. Os parentes dele ( entenda-se os parentes da mulher dele), quando viram ele correndo para o barulho foram acudi-lo, os parentes da minha mãe viram os parentes do meu irmão, acharam que iam bater nele e foram em cima e por vai. Era parente batendo em parente que não se conhecia.
Certo momento vi meu irmão correndo atrás de um cara, que logo reconheci como namorado de uma prima, meu irmão corria com 2 garrafas na mão, eu pulei de cavalinho no meu irmão feito peão, claro que nem durei os 8 segundos necessários para ser classificado para o rodeio, mas foram o suficiente para que o rapaz pulasse para dentro do bar do salão e em seguida visse meu irmão jogando as garrafas para dentro do bar quebrando tudo.
Teve um tio meu que achou graça em ver todos os instrumentos da banda, abandonados no palco, claro que os músicos fugiram... e resolveu quebrar a guitarra na cabeça do primeiro que passa-se e depois um tambor da bateria. Todo mundo perdeu a noção, claro que menos meus pais, os noivos, a mãe da noiva, minha cunhada mais velha e eu que estava chocado no canto.
Eu sei que em questão de segundos formou-se uma briga gigante, algo próximo entre uma briga de saloom do velho oeste com uma festa irlandesa.
Os amigos da faculdade do Bira, que foram o foco da bandeja caída, saíram correndo do lugar, acho que só pararam de correr quando amanheceu o dia.
Depois de tudo terminado, só sobrara meus pais e eu, meu pai correndo atrás do prejuizo que fora gigante, lembro que ele gastou o mesmo valor da festa com o prejuizo, minha mãe ja tinha passado a fase do choro e estava na fase de tentar desvendar os culpados de tudo. Nem preciso dizer que parte da culpa ela jogou no meu pai, dizendo que ele deu muita bebida pra todo mundo. Mas ao mesmo tempo ela estava aliviada, pois o pessoal mais chique da festa ja tinha saido quando começou o show.
Eu prometi que quando casasse, não teria festa, alias, deve ter sido a promessa de vários primos meus, pois demorou muito tempo pra que um de nós fizessemos festa de casamento.
Claro que a briga ao fundo é para efeito de ilustração...
vejam como eu estou novinho.
nós na frente estávamos de verdade no casamento

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Acampando no fim do mundo

Em 1978, alguém falou que ter uma barraca de camping era o suficiente para poder acampar. Meus tios resolveram levar a família em um passeio indígena e claro, eu fui de bico nesse passeio.
Era o feriado de 7 de setembro, o local escolhido era uma praia particular de propriedade de um vendedor da empresa dos meus tios, um judeu meio louco, pintor de quadros fantasmagóricos. Sabíamos (digo, eles sabiam, eu não sabia nada) que era entre Caraguatatuba e Ubatuba.
E levantamos acampamento as 6 horas da manhã, meus tios gostavam de viajar muito cedo, colocamos as 2 barracas nos carros, 2 barracas imensas que era do meu irmão mais velho. Meus tios, minhas tias, meus primos e mais alguns outros primos que foram de estepe como eu.
Saímos e logo de cara vimos o que não devíamos, um transito absurdo, como estávamos no tempo em que siri ainda andava de lado, nem sabíamos direito o porque da demora. Só sei que a viagem que estava planejada para demorar 3 horas demorou 12 horas. Soubemos no fim do percurso que uma ponte havia caído.
Enfim chegamos em algum lugar já em pleno anoitecer, nossa mapa rudimentar indicava que teríamos que atravessar a pé um braço de mar, ceeeerto, um braço de mar! Veja um braço de mar as 10 da manhã é xuxu beleza a maré ajuda a agua esta no tornozelo, mas um braço de mar as 18 horas, ele vira um braço de mar de um halterofilista, de um mister universo!! O tal braço de mar batia no nosso peito, minha tia Clarice que era uma exímia cagona de agua, tinha que carregar uma mala de panelas e mantimentos na cabeça com a agua batendo no seu pescoço, tinha meus primos de menor tamanho que não conseguiam atravessar o braço de mar, e claro tinha as imensas barracas para carregar. Depois de muito tempo e muitas equações conseguimos todos atravessar o braço de mar. Tem um detalhezinho, garoava, aquela garoa chata grudenta que quem conhece a região sabe, quando começa não para.
Próxima tarefa, ir pela picada até a tal praia particular e deserta. Essa tal picada era algo tenebrosa pois subíamos um morro e de um lado era uma mata fechada e do outro lado era um penhasco onde terminava o quebra mar, não era uma picada longa, tinha uns 400 metros, mas era uma aventura a parte, já que o chão estava molhado.
Chegamos a tal praia particular já noite, pouco enxergávamos, víamos uma casinha com luzes fracas que sabíamos ( meus tios sabiam, eu nem fazia ideia) era da mãe do dono. Agora era só montar as barracas.
-Yoda (o verdadeiro nome foi alterado porque meu tio achou um absurdo eu menciona-lo aqui) vamos montar as barracas? disse meu tio Maneco
-Eu não sei montar, você sabe? disse meu tio Yoda
-Eu também, não!
Pronto!! agora começou a nossa novela... já era noite, chovia, estávamos numa praia deserta, distante dos carros, com crianças e ninguém sabia montar as barracas!!!
Restou batermos na porta da casa da mãe de dono (o dono chamava-se Kallmann).
Dona Kallmann abriu uma fresta da porta e olhou pra todo aquele bando de gente com uma cara de assustar lobisomem e perguntou o que acontecia. Minhas tias tentaram explicar o que se passava e apelou para o lado maternal da velha. Dona Kallmann deixou meio que contra feita entrarmos em sua casa, mas antes soltou a seguinte frase: - A faxineira esteve hoje aqui!! seu sotaque era judeu/alemão/caiçara. Ela nos cedeu um quarto de 3x3 para ficarmos todos os 12. Tudo bem, era melhor isso do que ficar no relento!
Mais um pequeno detalhe, não existia energia eletrica, eu me pergunto, por que o senhor Kallmann deixava uma senhorinha morar naquele lugar sem energia eletrica, sem telefone e sem condições de como chegar rapidamente, ela deveria ser muito chata!
Para comermos tínhamos banana, que tínhamos comprado um cacho enorme, pão molhado de chuva e braço de mar e um bolo molhado de leite de coco, que era a coqueluche dos acepipes da época! Esse bolo foi o fator primordial do feriado.
Passamos a noite, de qualquer maneira e logo cedo despertamos para tentar montar a esfinge, digo as barracas, enquanto minhas tias faziam faxina na casa da velha Kallmann.
Olhando de dia e com um tempo melhorzinho a praia era maravilhosa, mas não era lugar para acampar, não teríamos banheiros e só teríamos uma torneira de agua doce.
Meus tios estavam a 2 horas tentando montar a barraca eu e meu primo saímos atrás de alguém que parecesse expert em barracas, vimos uns gringos que falavam nosso idioma e pedimos para eles, em menos de 5 minutos eles montaram as barracas e meus tios ficaram com cara de pirolito. Fácil, quando se sabe!
O nosso acampamento parecia que transcorreria tudo bem, tudo era muito primitivo, o velha olhava a gente da janela e cada vez que olhávamos para ela ela se escondia, medo que pedíssemos socorro novamente.
O tempo não ajudava em nada só garoava, no final da tarde, aquele bolo molhado de coco, começou a dar seus revertérios em todo mundo, menos em mim (milagres acontecem) todo mundo ficou com dor de barriga e se alguém lembrar, não havia banheiro no nosso paraíso!!!
Passamos uma noite deslumbrante! só sei que de manhã deu 'O' 5 minutos na minha tia e levantamos acampamento e fomos todos embora sem desmontar barraca sem nada! Ninguém contestou a ordem!  Restou a meus tios voltarem na semana seguinte pra desmontar as barracas e leva-las!!! Contam eles que  quando voltaram para buscar as barracas, o dia estava lindo e ensolarado.

É por essa experiência que nunca mais na minha vida fui acampar!


A travessia das minhas tias. elas me matam se virem isso!








Montando acampamento

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Senhor, que horas são? QUEEEEM?????

Não sei se é de minha geração, ou sou eu mesmo, mas tenho uma dificuldade enorme em ouvir essa frase. Me doí muito os ouvidos, quando alguém vem e diz qualquer coisa e completa com a palavra SENHOR.
Nunca reajo bem, geralmente olho para os lados e pergunto: -Onde? onde esta o velho? Sei que já estou na hora de aceitar essa condição, mas francamente enquanto der eu vou reclamar.
A palavra Tio, só engulo dos sobrinhos pequenos, os meus sobrinhos marmanjos VTC!! meu sobrinho mais novo tem 30 anos.. tem cabimento me chamar de tio e de senhor? oras  francamente, vai lustrar cágado!
Na noite....
Quando alguém vem com uma cantada, eu fico todo cheio, mas quando o fulano diz que se amarra em coroa, vá pro inferno! Já olho pro sujeito e digo: -Tem síndrome de rainha, é? tô fora! E saio de Egípcia!

Gosta de coroa?
Leva!!!
Eu compro outra!

Curtissimo

Devo dizer que os comentários daqui são muito mais engraçados do que meus posts, se um dia eu escrever um livro, terei que carregar os coments juntos.
Eu posso não retornar os comentários, mas tenham certeza, eu me defeco de rir!!!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sitio de pica-pau de lero-lero

1976/77
Meu pai inaugurou a casa do sitio na mesma época em que na  TV Globo estreava o Sitio do Pica Pau Amarelo, claro que nossas primeiras férias foram com o tema do sitio.
Estavam todos meus primos por lá e deu pra montar um elenco igual ao seriado. Eu era um artista multi-midia ou melhor dizendo polivalente, já que era Escritor, adaptador, roteirista, cenografista, figurinista, diretor e narrador (tudo isso com 12 anos de idade, pena que desperdicei esse talento todo).
Peguei roupas velhas de minha mãe, tipo uma blusa de Ban-lon (minha mãe tinha um sarcófago de roupas dos anos 60) passei um arame que tinha sobrado da obra da casa na barra e pronto amarramos no meio e já serviu como vestido de Emília. Um pijama velho do meu avô, mais umas palhas de milho feito um colar, mais um chapéu feito com papelão e o Visconde tava pronto... uma fronha (existe nome mais feio que 'fronha'?) branca cortada e amarrada com  um fio grosso de cobre descascado imitando ouro e um arco e flecha feito também desse mesmo 'ouro', a fantasia de Cupido também estava pronta. Pedrinho e Narizinho foram fáceis.
Feito todo as fantasias, criei a história, dei os personagens e mandamos ver. Quando fazíamos essas encenações. Era mais engraçado os ensaios do que propriamente o dia da exibição. Combinamos em fazer uma surpresa para o cupido que era meu primo Emerson, o Memé ( o irmão do meu primo azarado ou se preferir o filho do meu tio da rifa do elefante) era um garoto de 6 anos e como todo garoto dessa idade estava perdendo os dentes, mas o Memé estava perdendo todos os dentes de uma vez só. Então a surpresa da peça era a frase que o Pedrinho diria ao Cupido, que no ensaio, em nenhum momento fora dito.
A peça estava transcorrendo tudo nos seus conformes, afinal éramos excelentes atores e diretores, até que chegou a tal hora em que Narizinho vê o Cupido e diz:- Nossa como ele é lindo!!! O Pedrinho com seu vozeirão, rapidamente emenda: -Lindo? mas que dentes podres horríveis!!! não preciso nem dizer que o lindo e angelical Cúpido perde a compostura e começa a disparar todos os tipos de palavrões no meio da peça!! Um show a parte!!
A peça foi um sucesso, não sei para o publico, mas para nós foi fantástica, pois todos nós os envolvidos, lembramos isso até hoje.

Essa montagem ficou muito tosca, tive que fazer tudo no serviço,
pois em casa estou sem micro por uns dias!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Estica e puxa! ou experiências de férias invernais.

Na época em que meu irmão cacique Ubirajara casou ( não lembra porque esse nome? veja aqui )melhor dizendo, nos primeiros anos de casado, minha cunhada gostava de passar as férias de julho, ou no sitio ou na praia. Claro que ninguém gostava muito desse programa de índio, quem ia com ela? Eu! claro...
Agora imagina ficar no sitio sem nada pra fazer, com aquela garoa fria, minha cunhada, minha sobrinha recem nascida e eu...o que fazíamos? inventávamos receitas.
Certa feita, resolvemos fazer bala de coco, sem seguir livro nenhum, só sabíamos que ia açúcar, leite de coco, fogo, pia pra esfriar e puxar... grande.. fácil!
E fomos la! claro que não íamos nos limitar a fazer um pouquinho e logo fomos fazer um montarel e colocamos tudo no fogo, menos a pia! Deixamos cozinhar e cozinhava, cozinhava e aquele negocio começou a ficar com cor de caramelo e a Elaine ( nome da mulher do cacique) dizia que devia ser assim mesmo. e fomos deixando, até que teve uma hora que isso tinha que ir pra pia.
Segundo alguém em algum lugar, disse que tínhamos que colocar na pia e logo em seguida começar a puxar de um lado para o outro até 'perolar'. Claaaaro... alguém já puxou lava vulcânica? era o que tínhamos criado, lava vulcânica, pegamos umas colheres de pau e tentávamos, sem êxito, puxar de um lado para o outro aquela montanha de lava, aquilo não tinha meio de esfriar ou 'perolar' de repente começou a endurecer e as colheres começaram a grudar na massa e a massa grudar na pia. Aquilo parecia tudo, menos bala de coco. Passamos o resto da tarde arrancando lava da pia pra não juntar bichos. Tentamos no dia seguinte de novo, so que com menos quantidade, erramos de novo. Lembro que depois de uns 3 meses descobrimos o ponto certo. Quando descobrimos ficou sem graça fazer.
Uns 3 anos depois, foram as ferias de inverno na praia, , eu ja estava com 16 anos e adorava ir com a ela, pois eu dirigia seu carro e sai pra cima e pra baixo com as crianças que agora eram 2.
Saimos para caminhar de manhã e fazia frio, e resolvemos comprar camarões 7 barbas miudos que estavam fresquinhos, alias estavam vivos e como estavam barato, compramos 5kgs e resolvemos limpa-los... Claro ela como uma esposa de percador e eu um filho de pescador, limpamos rapidinho, começamos a limpar as 11 horas e terminamos as 18 horas!! ficamos 7 horas limpando aquelas coisas que se mexiam. O apartamento estava com um cheiro de fim de tarde de mar de ressaca e as crianças andando pelas paredes.
Comemos camarão o resto das férias.
E pra marcar bem esse passeio de indio a Elaine, na volta, resolveu parar na estrada e comprar, daqueles vendedores, um punhado de caranguejos vivos. O vendedor garantiu que eles não escapariam do arame, não andamos nem 2 quilometros e todos os caranguejos estavam soltos dentro do carro.


Tô adorando fazer essas montagens!
Elaine, meus sobrinhos (Eduardo e Mariane) e Eu

Bala de coco vulcânica, especialidades da Elaine



-Fique tranquila, os caranguejos não vão escapar!!
A cara de confiança do vendedor


sábado, 16 de outubro de 2010

No Ceara não tem Neve

Já vou avisando que essa historia queima meu filme lindamente!

Dezembro de 1984 ( 2 meses antes da historia anterior) fomos para o Ceara, papis, mamis, tios, tias, primos e 'moi'. Fomos conhecer as belezas das praias cearenses... e realmente praias maravilhosas, maaas minha historia não é bem sobre praia.
Duas caracteristicas do David que brigam uma com a outra. Adoro ou melhor, sou vidrado por frutas exóticas, tenho um fascínio que ultrapassa a coerência de uma pessoa normal, segunda caracteristica tenho intestino solto ao extremo ou melhor dizendo, vazante ao extremo. Dá pra imaginar a combinação de frutas exóticas com intestino fofo, certo?
Quando se vai para o nordeste em excursões as agências oferecem passeios extras, para conhecermos o máximo possível da região. Claro que íamos em todos esses passeios.
Saímos do hotel para um passeio de dia todo, onde fomos por varias praias lindas e paradisíacas. David estava com seus 20 aninhos e nem estava ai com que poderia acontecer daqui meia hora, colocou sua sunga e somente sua sunga e nada mais. Entramos no onibus e vamos que vamos para ver tudo.
Eis que chega o fim do dia, eu já tinha comido pelo menos umas 20 espécies de frutas desconhecidas que nem sabia o nome, minha barriga começou a conversar comigo, alias começou a gritar esmurrar a ter xiliques e tudo mais!
Bateu um desespero absurdo, cheguei delicadamente para o guia e perguntei se ainda iríamos parar em alguma cidade, ele disse que em meia hora chegaríamos em um lugar chamado "praia-grande" eu analisei o ronco do motor e vi que dava pra aguentar o tranco.
Chegamos num lugarejo lindo, o onibus parou em uma praça central onde havia uma feira de artesanato e uma fonte com uma espécie de piscina vazia... alias não tinha fonte só aquele tanque.
Antes de descer do onibus, perguntei ao motorista o que seria aquele tanque, ele me disse: -A maior parte da cidade, não tem abastecimento de agua, toda manhã vem um caminhão tanque e despeja agua para os habitantes.
Sai do onibus pensando como seria um banheiro publico de uma cidade nessas condições, claro que não demorou 5 segundos para descobrir como seria. O banheiro tinha 70cm de largura por 1metro de comprimento e parecia um filme de terror, o pior filme de terror que uma pessoa com dor de barriga poderia imaginar. Olhei para tudo e nada me faria fazer algo lá.
Parti para o plano 2. Sai correndo para o mar, praia linda, e dai? a dor de barriga era nefasta digna de tentar me matar. Só que era fim de dia a maré estava enchendo ou vazando, sei lá, só sei que eu entrava na agua até a altura dos ombros, ai formava uma onda e a agua teimava em descer até a altura dos meus joelhos.. não dava pra fazer absolutamente nada.
Parti para o plano 3. Voltei correndo para onde o povo do onibus estava, encontrei minha mãe e perguntei pra ela se ela tinha papel higiênico (Neve do titulo) ela me respondeu:- Só tenho aqueles lencinhos que vem com perfume que dão no avião.
-Meu Deus do céu, aqueles lencinhos cheios de álcool? já pensando em que estado ficariam minhas assaduras. Mas como o desespero já batia na porta dos fundos, alias já estava arrombando a porta dos fundos, peguei os lencinhos e fui correndo para o banheiro de filme de terror, onde disse que jamais iria.
Entrei naquilo, me pendurei feito homem aranha pra não encostar em nada, coloquei a sunga na minha cabeça pra não ter perigo dela cair em algum lugar podre. Fui, fui de corpo e alma, limpei com aqueles lencinhos, entrei em processo de incêndio instantâneo, coloquei a sunga e disparei para o mar, afinal tinha que apagar o fogo!
Encontrei o pessoal do onibus voltando da praia e dizendo que já era tarde e que não daria tempo para eu tomar um banho de mar... gente idiota... acha que eu iria ouvir alguém quando eu estava me sentindo um verdadeiro cometa!
Criei uma foto que queimasse o meu filme o mínimo possível
e que não deixasse esse post mais nojento do que já está

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Excursão de menudos aos Menudos

No começo de 1985 houve um grande evento musical,  o Rock in Rio, não não não... não é esse evento que vou contar. Em 1985 houve o grande Show do Menudo EEEEEEEHHHHH Menudo!!!! Menudo!!!! Não se reprima, não se reprima... ARGH!! 
Na época, estava com minhas sobrinhas todas pequenas e todas idiotamente (ou não) fãs da febre que Gugu Liberato trazia para o Brasil. Por onde se andava você ouvia as musiquinhas ou cantadas em espanhol ou cantadas em um português espanholado que chegava a ser divertido.
Um grupo com nomes que mais parecia um trava línguas; Rey, Roy, Robby, Rick e Charlie (esse que deveria ter o nome de Rarlie) com roupas engraçadas e coreografias fáceis e tolas que faziam a cabeça das miúdas de 3 a 15 anos.
Claro que não se faz necessário explicar muito sobre os meninitos, afinal nosso ícone gay maior, salve salve, Rick Martin começou sua vida nesse passado negro colorido tchatchatcha!
Mas enfim, foi marcado um grande show em São Paulo em fevereiro de 1985 e titio David quis levar suas sobrinhas, suas primas caçulas e suas jovens cunhadas para o grande evento. Como levar tanta criança? Fácil vamos pegar a perua Kombi da firma e colocar toda a galera dentro e levar para o Morumbi no maior estilo farofão. Detalhe: a Perua Kombi não era de passageiros a Perua era para cargas, ou seja não havia bancos na parte de traz,  colocamos colchonetes e pá e bola.. todo mundo dentro da bagaça. Quem comanda a bagaça? vamos selecionar alguns adultos loucos.. Eu o condutor, minha namorada, afinal as irmãs estavam no comboio, minha cunhada mais velha e uma prima minha cuja qual sua filha de 3 anos estava na galera também. Resumindo 9 crianças entre 3 e 13 anos e 4 adultos tudo em uma Kombi sem bancos para passageiros. Beleza.. Que horas começava o Show? 19 horas... perfeito... chegamos no Morumbi as 14 horas achando que estávamos arrasando de cedo... gente besta que somos... toda a torcida do corinthians, do flamengo, do santos e de quem você imaginar já estavam lá na porta, alias, toda a torcida infantil, adolescente descabelando-se e tal! Entramos na arquibancada as 17horas e detalhe fundamental... ventava e chovia e chovia e ventava...fomos sentar no fundo do fundo do fundo faltando 3 fileiras para a grade, super bem localizados, mais que isso a fé estava com a gente e a vontade das crianças de assistir o show era maior ainda e ficamos la todos felizes com a grande oportunidade de ver formiguinhas cantando. Daquela distancia era o que veríamos. A chuva não dava trégua e as horas passavam e deu 19 horas e os portões se trancaram e não sei por que cargas d'agua, onde estávamos os banheiros ficaram do lado de fora dos portões. E só criança do nosso lado.
20 horas e nada daqueles Menudos aparecerem pra cantar.
20:30h e metade das crianças já fazendo xixi nas grades de trás... ou seja a 4 metros da gente
21 horas e os Raios que os parta dos Menudos não apareciam pra cantar e já tinha pai gritando,
22 horas e já tinha mãe histérica berrando e as filhas pedindo pelamordedeus pra não ir embora antes dos cretinos Menudos aparecerem.
23:45horas os desgraçados aparecem pra cantar. Nisso a gente já tinha se estressado ao cubo, minha cunhada já tinha se estranhado com minha namorada, eu já estava irritado pensando no movimento inverso da saída do estádio.
Resumindo o show começou, eu esperei eles cantarem 5 músicas e com a voz totalmente irritada declarei: VAMOS EMBORA!! nem preciso dizer que quase houve um colapso cardíaco nas meninas. Mas expliquei o motivo, pois imagina todo aquela gente saindo do show ao mesmo tempo como seria pra chegarmos no carro que estava tranquilamente a 2 quilómetros do portão onde estávamos e o detalhe de sempre ESTAVA CHOVENDO!!
Fomos embora e eu cantando pra irritar as meninas... ♪não se reprima, não se reprima! ♪♫

Adoro fazer essas montagens escrotas com elas hoje!!!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Exagerando no presente de grego

Teve um ano que no dia das crianças me empenhei em comprar para os meninos um trenzinho elétrico.
Claro que não comprei um simplezinho... afinal a vida inteira eu queria um trenzinho todo cheio de balacobaco, eu disse, eu? pois é, esqueci.... era para as crianças.
Fui em uma loja especializada e comprei uma pista gigante com locomotiva e nem sei quantos vagões, lindo a coisa mais linda dos sonhos de uma criança. Empolgado do jeito que eu estava, ainda comprei uma pista sobressalente, -David, você é fantástico! pensava eu.
Cheguei em casa com as caixas todo eufórico louco para chegar o dia das crianças.
Nem logo amanheceu o dia 12,chamei os meninos, na época o Kim e o Yan tinhas 6 e 4 anos respectivamente, e eles foram abrir o presente, claro que a caixa era empolgante, e logo queriam brincar. Mas o pai aqui, quis cuidar da coisa e pegou o manual e foi montar o aparato todo.
Aproveitamos que a sala estava vazia pois os sofás estavam no tapeceiro e fui montar o trem passamos a manhã toda montando. Meu Deus como era gigante, por que raios eu tinha que ter comprado ainda uma pista sobressalente? Nossa sala era em L e foi utilizada inteira! A mãe só olhou umas duas vezes, nem quis comentar nada, foi pro quarto, pois também estava empolgada com o brinquedo da Winnie... esses pais que gostam de brincar, vou te contar!!!
Depois de umas 4 horas a grande obra de engenharia estava pronta, linda, toda nivelada e perfeita. Os meninos já não se aguentavam mais de ansiedade e não viam a hora para brincar com o trem.
Pois bem! coloquei o trem e todos os seus vagões nos trilhos e liguei. O bichinho foi deu uma volta, deu duas voltas, deu três voltas, nisso o Kim pergunta: Pai o que ele faz mais? eu olhei para ele e disse: Ah! ele da ré! e mostrei. - Só isso? eles disseram.  Não soube o que responder.
Eles saíram para brincar com o Vídeo Game.
Resumo da ópera:
Foi a única vez que montei essa geringonça gigante, os meninos nunca mais quiseram saber daquele 'TREM'.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Matine Dominical

Muito antes do surgimento do vídeo cassete, um dos nossos passatempos prediletos, no inicio dos anos 70, era ir na matine do cinema nas tardes de domingo. Não pense que era uma simples sessão de cinema. Era A sessão de cinema, na verdade, era a sessão dupla de cinema.
Íamos quase todos os domingos, nem nos importávamos com que ou o que estava em cartaz, o importante era levar uns trocadinhos para o lanche.
Como funcionava? tinha o primeiro filme, que era o mais moderninho, depois tinha o intervalo, feito recreio de escola, onde saiamos para comprar lanches e bebidas depois tinha o segundo filme. Duas vezes por mês, nesses intervalos tinham sorteios de prêmios fantásticos, radinho de pilha, lanternas tudo de mais moderno na época.
Os filmes, alguns eram ligeiramente novos ( novos nunca!), outros eram absurdamente antigos, naquela época não existia ainda essa conotação de filmes cult ou antigo a gente classificava ( nos crianças ) de filme colorido e filme preto e branco.
Dentro do cinema era uma multidão de crianças entre 8 e 12 anos que estavam pra qualquer coisa menos pra ver o filme, os lanterninhas tinham um trabalho danado e tinham autoridade pra mudar de lugar qualquer criança que estivesse aprontando.
Quando o filme era legalzinho a gente até que se mantinha no lugar, mas quando o filme era chato, o cinema vinha a baixo era um tal de guerra de bala, pipoca, bolinha de papel.
A escolha dos filmes para as matines era uma coisa meio que estranha, pois estávamos no auge da ditadura onde tudo era censurado, mas não sei o que acontecia, que nas matines onde tinha criançada as vezes passavam filmes com uma certa polêmica.
Lembro que assistimos um filme chamado 'Adeus cegonha, adeus' um filme Mexicano que falava sobre uma adolescente de 12 anos que engravidava de um garoto de 14 anos . O filme foi polêmico pra época, agora imagina pra a gente, eu que era o mais velho dos meus primos, tinha 12 anos, assistindo o filme? A gente achou o máximo!!!

Com o surgimento do vídeo cassete, a função do cinema passou a ser só exibir filmes novos, tornou-se desnecessário reprisar filmes, já que o vídeo cassete estava ai para isso. Com isso acabou as matines dominicais de cinema e mais tarde acabaram os cinemas de bairro. Alias, hoje acabou o vídeo cassete também.
Não achei nenhuma foto da gente no cinema, então eu improvisei....
Repare como a gente com 10 anos de idade ja tinha cara de adulto,
por isso colocavam filmes tão polêmicos
Pensando bem, pela idade da platéia e ingenuidade da época,
poucos entenderam o filme

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Parceiro de Luiz Gonzaga

A genética as vezes conspira contra nós, ou melhor dizendo, nos boicota!
A vida inteira eu vivo brigando com a balança e sempre tenho a impressão que perco a guerra. Ai aparece esse maldito efeito sanfona, uma hora estou magrinho outra hora pareço paquiderme.
De tudo já fiz dietas mirabolantes, remédios malucos, jejuns tibetanos e tá ai a onda de banha volta!
Houve tempos que joguei tudo pra cima e depois me arrependi e fui correndo atrás recolher as coisas que joguei. Meu armário já teve roupas de numeração do 40 ao 52 convivendo juntas.
Hoje resolvi me dedicar a exercitar, ou seja estou perdendo peso va ga ro sa men te,  mas acho que deve ser o jeito mais racional. Claro que tenho que ter uma paciência absurda pra ver algum resultado, já que adoro perder peso rapidamente... mas convenhamos na minha idade perder peso rápido já tornou-se uma utopia.
Vou mostrar meu baú de sanfonas e mostrar datas próximas e diferenças gritantes.
Luiz Gonzaga entrava com a música e eu com a sanfona

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Papai quero ser Nerd

Em 1999 eu e, na época, minha esposa, resolvemos trocar as crianças de escola, colocamo-as no colégio onde eu havia estudado.
Claro, que na primeira reunião de pais e mestres eu estava lá, para ver como estava sendo a adaptação dos pimpolhos.
Meu filho mais velho o Kim, sempre gostou de mostrar-se e as reuniões da classe, onde ele estava, eram tranquilas, eu nem perguntava muito, porque eu detesto esse negocio de pai que pergunta pra professor como esta as notas do filho e sabe que o filho tem as melhores notas, só pra ouvir o professor rasgar elogios na frente dos outros pobres mortais pais que tem os filhos normais. O Yan era mestre no disfarce, entrava e sai da classe sem ser percebido, nas reuniões era necessário levar foto para professora saber de quem se tratava (exageros a parte), por ironia, hoje é o artista da casa.
Agora a dona Winnie, a caçula ,me surpreendeu na reunião.
Vamos a cena:
Estava eu na reunião quietinho esperando a professora explicar todo o método de ensino e como todos os alunos do 1ºano se comportavam. Quando todos os pais perguntaram sobre seus pimpolhos chegou minha vez, pois foi  respeitado a ordem alfabética.
Cheguei para a professora e perguntei se a Winnie estava se adaptando a nova escola, a professora me olhou e disse:
-Sim a Winnie é uma menina muito tranquila, mas eu percebo que ela se distrai muito com seu aparelho ortodontico.
Eu olhei para a professora com cara de interrogação e disse:
-Aparelho nos dentes? Estou falando da Winnie S. Ramos.
A professora olhou pra mim, e disse só tem uma Winnie, alias só conheço uma Winnie.
Eu ainda brinquei e disse:
-A Winnie não usa aparelho ortodontico, nem óculos e nem bota ortopédica.
A professora deu uma risada alta e me disse:
-O senhor esta falando sério? a Winnie usa óculos, aparelho e bota!!
Nesse minuto eu comecei a dar risada, pois percebi que minha filha de 7 anos estava brincando de Nerd Frankenstein, pois ela estava usando o aparelho ortodontico abandonado do Kim, os óculos da mãe e a bota ortopédica velha do Yan.
Claro que a garotinha não conseguia prestar atenção na aula!
Até hoje, ela não se conforma de não precisar de óculos e nem aparelho para os dentes